- Pouco antes de deixar a presidência, Teixeira renovou contrato da CBF até 2022
Reportagem do jornal O Estado de S. Paulo mostra que o acordo comercial feito por Ricardo Teixeira em 2012 permite aos parceiros da CBF manterem controle sobre convocações da seleção brasileira. Assinado por Teixeira próximo da renúncia, esse vínculo se encerra em 2022. Ao UOL Esporte, Gilmar Rinaldi disse que Marco Polo Del Nero analisa as listas de Dunga para assegurar um time sem muitos desfalques. Já Mano Menezes, negou que tenha sofrido com interferências.
Segundo o contrato reproduzido pelo jornal, os grupos International Sports Events (ISE) e Pitch International precisam ser comunicados pela CBF sobre os jogadores convocados com o prazo máximo de 15 dias de antecedência aos amistosos. Caso os melhores atletas não estejam nas relações, a entidade está sujeita a multa de 50% na cota recebida por cada jogo, que é de US$ 1,05 milhão.
Para que não seja financeiramente punida, a CBF se compromete por contrato a atestar a ausência de possíveis jogadores importantes com laudos médicos. A reposição, neste caso, precisa ser feita por outro atleta de níveis similares em “marketing, condição técnica e reputação”.
O acordo citado pela reportagem foi assinado um mês depois de a seleção brasileira, com Mano Menezes no comando, participar de amistosos na Ásia e na África sem a presença dos principais jogadores, sobretudo Neymar.
Se não bastasse a longevidade do contrato, a prioridade de renovação também foi concedida à ISE, que terá 90 dias para igualar propostas de concorrentes. A empresa, de origem saudita, também tem direito de explorar comercialmente as preparações da seleção brasileira para as Copas do Mundo de 2018 e 2022.
À reportagem de O Estado de São Paulo, o atual presidente Marco Polo Del Nero afirma que o contrato feito por Ricardo Teixeira é razoável para a CBF, já que evita eventuais prejuízos em amistosos, ainda que intermediários possam ter ganhos muito superiores aos da entidade que controla a seleção.
É relatada, ainda, uma ação de Del Nero e seu antecessor, José Maria Marin, para que eles renovassem o contrato. Nesse movimento, o intermediário foi o Grupo Figer, do empresário uruguaio Juan Figer, que negociava um novo vínculo com o Grupo Kentaro. Caso isso tivesse sido selado, a família Figer teria lucrado US$ 132 milhões pela ação. Prevaleceu, porém, a força de Teixeira para assinar com ISE e Pitch.
“O contrato, na medida do possível, a gente faz para cumprir. Nós chegamos já tinha esse contrato, temos de cumprir. Eu não chego a dizer que esse contrato é tão ruim. Porque quando a gente jogava aqui no Brasil não chega a tirar esse valor. Hoje quanto é isso? R$ 3 milhões é pouco? Se analisar, hoje o contrato é bom”, disse Del Nero ao jornal.